Novos tempos, ei-los aí chegados.
Forjados no ápice da vaidade e egoísmo humanos, nascidos da lama das guerras fratricidas do século passado, no rastro das revoluções de corações e mentes.
Novos tempos, sim.
Representados nas crianças que nascem sorrindo. Nos seres que vão embora dormindo.
Tempos que oferecem uma nova plantação aos semeadores.
Como disse Allan Kardec em O Que É o Espiritismo?, tempos em que a união de pensamentos em torno da solidariedade e fraternidade universais podem promover uma evolução moral dos indivíduos.
Eis o momento mágico em que a verdade dos espíritos bate em todas as portas.
Não como uma instituição, não como um dogma, muito menos uma religião tradicional.
Foi Kardec mesmo quem apressou-se a dizer que aquela doutrina que estava sendo decodificada no fervor científico do século XIX seria infinita e eterna.
Eterno espiritismo, mutável e progressista para se adequar à sociedade de todos os tempos, mas sempre ciência de observação, doutrina filosófica de vida e uma nova forma de religar o homem a Deus.
Consequências religiosas que nascem longe dos erros do passado com tantas e tantas lições expiatórias.
Eis o espiritismo, então, renovando o seu tempo, sem precisar ser o fim em si mesmo, mas apenas o meio.
E como o meio é a mensagem, ei-la propagada não através dos métodos tradicionais que outrora ergueram as bandeiras de verdades e mentiras incompletas.
Mas sim através dos homens e suas vidas transformadas.
O homem, o tempo, o espírito.
O verdadeiro espírita é aquele que pratica a reforma íntima e, então, ilumina o mundo ao seu redor. Não impõe sua crença. Não divide o mundo entre nós e eles. Vive de fé raciocinada. De amor e caridade. Impregna seu trabalho com essa verdade. E escreve as linhas da história do novo homem.
O desafio que se impõe é grande.
Eis a flotilha e os corajosos remadores que não conhecem o oceano à frente, mas são os pioneiros que anseiam por descobrir, no erro e no acerto, como será o mundo regenerado que bate à nossa porta.
Usam câmeras, microfones, palavras. Suor e lágrimas.
Antes de ser um audiovisual espírita que se forma e esbarra na fraqueza dos adjetivos limitadores, que seja então o espírita no audiovisual.
O espírita de verdade capaz de impregnar sua arte eterna, de navegar em todos os mares, de falar todas as línguas, contar todas as histórias, cantar todas as músicas e, enfim, imaginar e criar um mundo melhor dentro de si e à sua volta, anunciando-o então com humildade e alegria.
Parabéns a Fundação Espírita André Luiz pelo trabalho de amor que realiza.
Que seja ele sempre uma semente diária na proclamação desses novos tempos, desta nova história cujo protagonista é um só.
Em nome de Deus.
Wagner Assis – diretor e roteirista do filme Nosso Lar