Escuta, alma querida, quando a prova te alcança e o sofrimento te golpeia a vida, impondo-te cansaço e insegurança; Quando a aflição te cerca e te subjuga, Portas a dentro de teu próprio ser, Sem apelos à fuga em que te possas esconder, indagas, quase sempre, de ânimo frustrado revelando revolta amarga e triste: – Se Deus é amor eterno e ilimitado, por que razão a dor existe? Por que ao sonho se seguem, com frequência, o fel, o desengano, a desventura que nos induzem a existência ao vasto espinheiral em que a nossa esperança se enclausura? E guardando-te, a sós, sob angústia mortal, certas vezes, de anseio em desalinho, quererias fugir de teu próprio caminho…
Entretanto, alma boa, se algo te feriu, não te agastes, perdoa…
E, sobretudo, raciocina Que a dor lembra o esmeril da Lei Divina Que, em nos tocando, nos aperfeiçoa.
Tudo o que te garante o próprio alento passou por disciplina e sofrimento sem que a ovelha aceitasse os golpes da tosquia, não teria a lã que te guarda o calor; Sem que a minério padecesse um dia o fogo abrasador, não dispunhas da casa, em fina arquitetura, sobre vigas leais de sólida estrutura; sem árvores tombando, a rude corte, nas fruías na própria residência o ambiente ideal em que se te conforte a energia precisa às lutas da existência; A dentes de serrote, a natureza Formou, em teu auxílio, o refúgio da mesa, e o trigo que passou pela trituração, em qualquer tempo, é a base de teu pão.
Não acuses a dor que te procura a fim de preparar-te a grandeza futura, Sem ela que nos frena e regenera, estaríamos nós, provavelmente, na condição da fera sob a selvageria permanente.
Por fim, alma querida, considera: De heróis que já tivemos, almas gigantes na sabedoria, corações a brilhar, nos ápices supremos da beleza imortal que se irradia dos tesouros do amor; de todos os apóstolos da história que apontaram a vida superior de que o mundo conserva algum indício, aquele que nos deu, constantemente, o sentido da dor por fonte renascente de ascensão e nobreza, vida e luz, com bases sobre o próprio sacrifício, esse herói foi Jesus.
(Maria Dolores – Francisco Cândido Xavier)
Senhor Jesus não te pedimos nada do não nos seja essencial,
nós te rogamos o benefício do trabalho para que não nos falte o pão de cada dia.
Te rogamos saúde para executar esse trabalho e sensibilidade diante do sofrimento alheio, e te imploramos também a oportunidade de renovados momentos como este, a fim de termos as melhores inspirações que aos poucos nos habilitarão a tarefas mais elevadas em favor dos nossos semelhantes.
Obrigado Senhor