O entendimento sobre a questão da alimentação no Mundo Espiritual é de
profunda importância.
Quando encarnados elegemos, com exceções, o regime alimentar fundamentado em
alimentos densos e gordurosos, criando a viciação física e o condicionamento
psicológico correspondente.

O Benfeitor André Luiz nos dá informações a respeito da alimentação dos
desencarnados, falando da dificuldade que a Governadoria da colônia Nosso
Lar enfrentou, há mais de um século, para realinhar os costumes dos recém
chegados, na criação de nova cultura comportamental através de cursos, “… a
fim de espalharem novos conhecimentos, relativos à ciência da respiração e
da absorção de princípios vitais da atmosfera”. (1) Como mudanças
comportamentais exigem esforço e abnegação, um grande número de
desencarnados reagiu, “… alegando que a cidade é de transição e que não
seria justo, nem possível, desambientar imediatamente os homens
desencarnados, mediante exigências desse teor, sem grave perigo para suas
organizações espirituais”. (1) Por fim, após muitos anos, e com ajuda dos
círculos espirituais do Alto, os processos de alimentação da Colônia “…
foram reduzidos à inalação de princípios vitais da atmosfera, através da
respiração, e água misturada a elementos solares, elétricos e magnéticos”.
A mudança é significativa, e merece nossas reflexões a respeito, porque, se
nos dias de encarnados já temos esclarecimentos sobre o impacto nocivo da
alimentação excessiva no corpo físico, preciso é que nos conscientizemos
acerca do tipo de alimentação que nos aguarda no Mundo Espiritual
organizado.
André Luiz volta ao assunto em o livro Evolução em dois Mundos:
Encarecendo a importância da respiração no sustento do corpo espiritual,
basta lembrar a hematose no corpo físico,… atendendo à assimilação e
desassimilação de variadas atividades químicas no campo orgânico.
O oxigênio que alcança os tecidos entra em combinação com determinados
elementos, dando, em resultado, o anidrido carbônico e a água, com produção
de energia destinada à manutenção das províncias somáticas.
Estudando a respiração celular, encontraremos, junto aos próprios arraiais
da ciência humana, problemas somente equacionáveis com a ingerência
automática do corpo espiritual nas funções do veículo físico, porque os
fenômenos que lhe são consequentes se graduam em tantas fases diversas que o
fisiologista, sem noções do Espírito, abordá-los-á sempre com a perplexidade
de quem atinge o insolúvel.
É que o corpo espiritual, comandando o corpo físico, sana espontaneamente,
quando harmonizado em suas próprias funções, todos os desequilíbrios
acidentais nos processos metabólicos, presidindo as reações do campo
nutritivo comum.
Não ignoramos, desse modo, que desde a experiência carnal o homem se
alimenta muito mais pela respiração, colhendo o alimento de volume
simplesmente como recurso complementar de fornecimento plástico e
energético, para o setor das calorias necessárias à massa corpórea e à
distribuição dos potenciais de força nos variados departamentos orgânicos.
Abandonado o envoltório físico na desencarnação, se o psicossoma está
profundamente arraigado às sensações terrestres, sobrevém ao Espírito a
necessidade inquietante de prosseguir atrelado ao mundo biológico que lhe é
familiar,e, quando não a supera ao preço do próprio esforço, no auto
reajustamento, provoca os fenômenos da simbiose psíquica, que o levam a
conviver, temporariamente, no halo vital daqueles encarnados com os quais se
afine, quando não promove a obsessão espetacular.
Na maioria das vezes, os desencarnados em crise dessa ordem são conduzidos
pelos agentes da Bondade Divina aos centros de reeducação do Plano
Espiritual, onde encontram alimentação semelhante à da Terra, porém
fluídica, recebendo-a em porções adequadas até que se adaptem aos sistemas
de sua tentação da Esfera Superior, em cujos círculos a tomada de substância
é tanto menor e tanto mais leve quanto maior se evidencie o enobrecimento da
alma, porquanto, pela difusão cutânea, o corpo espiritual, através de sua
extrema porosidade, nutre-se de produtos sutilizados ou sínteses
quimioeletromagnéticas, hauridas no reservatório da Natureza e no
intercâmbio de raios vitalizantes e reconstituintes do amor com que os seres
se sustentam entre si.
Essa alimentação psíquica, por intermédio das projeções magnéticas trocadas
entre aqueles que se amam, é muito mais importante que o nutricionista do
mundo possa imaginar, de vez que, por ela, se origina a ideal euforia
orgânica e mental da personalidade. Daí porque toda criatura tem necessidade
de amar e receber amor para que se lhe mantenha o equilíbrio geral.
De qualquer modo, porém, o corpo espiritual com alguma provisão de
substância específica ou simplesmente sem ela, quando já consiga valer-se
apenas da difusão cutânea para refazer seus potenciais energéticos, conta
com os processos da assimilação e da desassimilação dos recursos que lhe são
peculiares, não prescindindo do trabalho de exsudação dos resíduos, pela
epiderme ou pelos emunctórios normais, compreendendo-se, no entanto, que
pela harmonia de nível, nas operações nutritivas, e pela essencialização dos
elementos absorvidos, não existem para o veículo psicossomático determinados
excessos e inconveniências dos sólidos e líquidos da excreta comum. (2)
Pensemos nisso.

Antônio Carlos Navarro
Referências:
(1) Nosso Lar, F. C. Xavier/ André Luiz, cap. 9; e
(2) Evolução em Dois Mundos, F. C. Xavier/ André Luiz, 2ª parte, cap. 21.