Aquela era uma noite como outra qualquer para aquele moço que voltava para casa pelo mesmo roteiro de sempre, há três anos.

Ele seguia tateando com sua bengala para identificar os acidentes do caminho, que eram seus pontos de referência, como todo deficiente visual.

Mas, naquela noite, uma mudança significativa havia acontecido no seu caminho: um pequeno arbusto, que lhe servia de ponto de referência e estava ali pela manhã, fora arrancado.

A rua estava deserta e ele não conseguia mais encontrar o rumo de casa. Andou por algum tempo, e percebeu que havia se afastado bastante da sua rota, pois verificou que estava numa ponte sobre o rio que separa a sua cidade da cidade vizinha.

Era preciso encontrar o caminho de volta. Mas como, sem o auxílio da visão?

Começou a tatear com sua bengala, quando uma voz trêmula de mulher lhe indagou:

– O senhor está encontrando alguma dificuldade?

– Acho que me perdi, respondeu o rapaz.

– Foi o que pensei, comentou a mulher.

– Quer que o acompanhe a algum lugar?

O rapaz lhe deu o endereço e ela, oferecendo-lhe o braço, o conduziu até à porta de casa.

– Não sei como lhe agradecer, falou o moço.

– Eu é que lhe devo um sincero agradecimento, respondeu ela, já com voz firme.

– Não compreendo, retrucou o rapaz.

E a jovem senhora então explicou:

– Há uma semana meu marido me abandonou. Eu estava naquela ponte para me suicidar, pois geralmente àquela hora está deserta. Aí encontrei o senhor tateando sem rumo e mudei de idéia.

A mulher disse boa noite, agradeceu mais uma vez, e desapareceu na rua deserta.

***

Também, em nossas vidas, talvez tenhamos passado por experiências semelhantes à das personagens dessa história.

Quantas vezes já não sentimos vontade de sumir, de pôr um fim ao sofrimento que nos visita e um braço amigo nos sustentou antes da queda.

Ou, quiçá, já tenhamos nos sentido perdido, sem rumo, sem esperança, e uma voz se fez ouvir e nos indicou uma saída.

Quem já não se sentiu numa situação assim, vivendo ora como o socorro que chega, ora como o socorrido?

Tudo isso nos dá a certeza de que nunca estamos sós.

Alguém invisível vela por nós e nos oferece um braço amigo nas horas de desespero. Ou, então, inspira-nos a oferecer nosso apoio a alguém que está à beira do abismo.

A esse alguém é que alguns chamam anjo da guarda e outros de espíritos protetores. Não importa o nome que lhes demos, importa é que seguem conosco vida afora, sem cansaço.

Pense nisso!

Você costuma olhar ao seu redor, no seu dia-a-dia?

Costuma prestar atenção naqueles que seguem com você pelo mesmo caminho?

Se já tem o hábito e a sensibilidade de se importar com os semelhantes, talvez tenha sido um anjo desses a alguém em desespero.

E se ainda não havia pensado nisso, pense agora. E comece a ser um braço amigo sempre disposto a conduzir alguém com segurança.

Redação do Momento Espírita

Autor: Momento Espírita